sexta-feira, 29 de junho de 2012

Bom uso da língua




"Ouvi, filhos, as regras que vos dou sobre a moderação da língua:
 aquele que as guardar não perecerá pelos lábios,
 nem cairá em ações criminosas"
(Ecli., 23,7)

Parece ter querido o Criador proteger a língua de modo especial. Com efeito, está melhor defendida que qualquer outro membro, por exemplo, os olhos e os ouvidos. Resguardam-na os lábios e os dentes, que, à guisa de muralhas a circundam e conservam. Não parece isto advertir-nos, que também, nós devemos dar atenção e vigilância toda especial a nossa língua? Sim, jovem cristã, é de grande importância, que te acostumes desde a tua mocidade ao domínio da língua.

1º) A língua não dominada facilmente causa grande mal

O bom uso da língua pode transformá-la em instrumento de graças.

No ano de 1263 retirou-se o corpo de Santo Antônio de Pádua do sepulcro, a fim de o transportar para a nova igreja, edificada em sua honra. Ao se abrir o sarcófago, os membros caíram aos pedaços, a carne já se havia transformado em pó e cinza. Mas, o queixo, os cabelos e os dentes estavam ainda conservados, e sobretudo a língua de todo incorrupta e com a sua cor natural.

O Santo Cardeal Boaventura, que de Roma fora a Pádua por ocasião dessa festividade, tomou em suas mãos com grande respeito esse língua, beijou-a e disse entusiasmado: "Ó língua, que em todo o tempo louvaste ao Senhor e ensinaste os demais a louvá-Lo, agora se torna a todos manifesto, quanto és apreciada de Deus".

Tinha razão São Boaventura de exaltar a língua de Santo Antônio, pois ela havia sido um excelente instrumento da graça, por meio da qual inúmeras almas foram conquistadas para o céu.

- Sim, a língua pode fazer muito bem. Aqui dirige a um pobre desconfortado algumas palavras de estímulo, e um suave conforto desce ao coração do mísero e o leva a suportar o peso da vida com ânimo forte.  Aí, a língua de um orador fala a milhares de ouvintes e os arrebata. Suas palavras são como centelhas que incendeia os corações. Fala, e eles choram; fala e os revoluciona internamente; fala, e eles se enchem de esperança e júbilo...

Mas, a língua que tanto bem pode fazer, acha-se também em condições de causar grande mal.

O apóstolo São Tiago escreve: "A língua é realmente um pequeno órgão, mas gloria-se de grandes coisas. Vede como um pouco de fogo devasta uma grande floresta! Também a língua é um fogo, um mundo de iniqüidade". (Tg 3,5-6).

E como são graves as palavras que se lêem no livro do Eclesiástico (cap. 28): "As chicotadas produzem vergões, mas os golpes da língua quebram os ossos... Faze uma porta e fechadura diante da tua boca: Funde o teu ouro e a tua prata e faze com isso uma balança para pesares as tuas palavras e um freio bem ajustado para a tua boca".

Pode-se afirmar que, nem a peste, nem a guerra, nem a espada, produzem tanto mal como pequeno órgão que se chama língua.

Quando surge uma epidemia numa cidade ou povoação, vai-se alastrando sinistramente casa por casa; aqui arranca dos braços da mãe uma querida criança; mas adiante atira ao leito de morte um robusto pai de família; assim é grande a dor e a desgraça que vai causando a moléstia fatal.

A guerra sangrenta, devasta o campo de batalha semeando a morte dos soldados, filhos que eram a esperança e seriam o amparo dos pais, jovens que, pouco antes, haviam constituído uma família feliz; a gente sente-se possuída de uma dolorosa tristeza, á vista da desgraça que o flagelo acarreta.

No entanto, o mal que faz a língua, não é de certo modo, ainda maior?

A peste e a guerra são ocasionais e produzem por certo tempo seus efeitos maléficos, ao passo que a língua tem um poder destruidor e atua cada dia, cada hora, cada instante e por toda a parte? Com efeito, não somente num ou noutro campo de batalha, exerce a línhua a sua atividade perniciosa, mas em cada lugar, em cada cidade e em cada aldeia e em todas as camadas sociais; entre a alta sociedade, como também na classe média, nos passatempos dos homens doutos, como nas oficinas dos nossos mestres, especializados e aprendizes.

Ela infunde a desconfiança aos ânimos, prejudica o bom nome das pessoas honradas, destrói o laço das melhores amizades, arruína a felicidade familiar, formenta a desordem e o espírito de revolta na vida da nação e dos cidadãos, desacredita a religião e a moralidade. É incalculável o mal que produz a língua desenfreada. Vigia, pois, a tua língua!
2º) Não fales quando te for necessário calar

Sim, há também tempo em que o silêncio se torna uma necessidade para que o nosso espírito possa encontrar-se com Deus. Claro está que não precisarás observar o silêncio como um trapista ou como um Moltke, (organizador de batalhas); não obstante, deverás dominar a vontade de falar, de maneira justa e razoável. Não sejas, antes de tudo, palradora e tagarela, não deixando nunca às outras pessoas, oportunidade de usar da palavra. Tais paroleiras causam repulsa e ninguém deseja estar com elas.

Essas pessoas soltam palavras ao ar e ninguém dá importância ao que elas dizem, são consideradas irrefletidas. Também os pecados se insinuam facilmente pela loquacidade, pois, diz o Espírito Santo; "No muito falar não faltará pecado, mas o que modera os seus lábios, é prudentíssimo". (Prov., 10,19).

Contudo há de se evitar o mutismo que destoa a convivência social. Cada qual, segundo o seu alcance, de maneira sensata, deve contribuir com a sua parcela para a conversa social, como o exige a consideração que merecem os demais.Em companhia porém, de pessoas mais velhas, ceda-se a elas o uso da palavra.

No que concerne às faltas do teu próximo, não deves falar, mas calar. A todos aplicam-se as palavras do Divino Salvador: "Não julgueis, para não serdes julgados". (Mt 7,1).

Sem motivo graves, nunca se deve falar das faltas e fraquezas dos outros. Guarda só para ti o que rouba a outrem o bom nome e estende sobre os seus desvarios e pecados o manto da caridade cristã; salvo se o bem comum ou a obediência o exigirem, fala a tal respeito.

Que de faltas, infelizmente, não se cometem hoje neste ponto!
Quantos que, por um vezo especial, criticam as fraquezas e os defeitos de uma pessoas ausente!
Não é isto cristão, nem nobre!

Não deves falar, mas calar, quando alguém, em momento de grande excitação e num acesso de cólera, te fizer qualquer reprimenda. Nestas circunstâncias, é mister considerar que toda palavra de esclarecimento e desculpa será inútil é o mesmo que atirar lenhas a uma fogueira, e inflamará ainda mais a ira; nesta situação embaraçosa aconselha-se domínio e equilíbrio. Passará logo a tempestade, sem prejudicar-te.

Se tomarmos uma pedra e a lançarmos contra outra, levantar-se-á um grande fragor, chispas e estilhaços esvoaçarão para todos os lados; se porém, a lançarmos sobre a lã macia já não ouviremos nenhum ruído. O mesmo acontece na nossa vida: um caráter violento não se enquadra com outro do mesmo tipo mas é vencido pela paciência e serenidade.

Conserva-te tranqüila e calada! Aguarda o momento para qualquer explicação.

Deves calar-te e não falar de coisas impuras e ignóbeis. Sabes o que diz o Apóstolo: "Nem sequer se nomeie entre vós ... qualquer impureza ... como convém a santos" (Ef., 5,3).

Como este Apóstolo não seria tomado de santa indignação, se em nossos dias surgisse de improviso numa reunião de moços e ali ouvisse as conversas tais que fazem subir o rubor à faces! Até mesmo na presença de crianças inocentes, se proferem, às vezes, palavras obcenas!

Não deveriam tais libertino sentir pavor daquela terrível "Ai!" que o Divino Salvador pronunciou contra os que escandalizam os pequenos?

Finalmente, não deves falar, mas calar-te, em tudo quanto possa abalar a fé do teu próximo. No que tange a fé, pode a má língua causar muito mal: se escarnecer das funções religiosas ou dos costumes piedosos; se galhofar da doutrina e da religião; se expuser mentiras históricas, já milhares de vezes refutadas, pode facilmente destruir a fé dos corações simples e empanar-lhes a felicidade e a alegria espiritual que a fé lhes destina na alma. É assim que começa para muitos o caminho da perdição.

3º) Não deverás, porém, calar-te quando for preciso falar

Não podes calar-te, quando, em tua presença a honra de Deus e a sua causa são atacadas com insolência. Albano Stolz, narra um fato a esse respeito.

Numa casa de veraneio da Alemanha, um dos hóspedes, no decorrer da refeição, alardeava a sua incredulidade, zombando de tudo quanto se relacionava com a religião e principalmente falando de Deus de maneira desdenhosa a blasfema. Ninguém concordava com o insolente, mas ninguém tampouco sentia coragem de o rebater.

Levantou-se então, um menino de seis anos ou menos, encaminhou-se para o incrédulo zombeteiro, e qual anjo enfurecido disse-lhe, erguendo o dedo em atitude de o ameaçar: "Não se fala assim de Deus!"

Ficaram todos profundamente comovidos com a aparição do menino, e um senhor mais idoso repetiu com lágrimas nos olhos: "Deveras! Não se fala assim de Deus. Tens razão menino!" Que motivo de confusão e vergonha não causa o exemplo desta criança a muitas moças, que não se atrevem a replicar, quando são atacadas a honra de Deus, a divina Pessoa de Jesus Cristo, Maria Mãe de Deus, ou qualquer verdade da nossa santa fé. Não pertenças ao número destas almas vis e covardes,

Não discutas sobre assuntos religiosos em lugares impróprios ou em ocasião importuna, em regra, não trará isto nenhum, benefícioQuando, porém, em tua presença se injuria a Deus, ou a Igreja, não poderás quedar-te insensível, antes deverás rebater a ofensa com uma palavra emérgicaSe não estiveres em condição de o fazer, procura evitar quanto possível tais pessoas.

Nunca deverás calar, quando em tua presença se fala injustamente de pessoas ausentes. Neste caso toma o partido da pessoa criticada, dize uma palavra em sua defesa ou justificação. Lembra-te, pelo menos, que é vil e descaridoso discorrer sem necessidade sobre faltas alheias. Lembra-te as palavras do Divino Salvador: "O que quereis que vos façam os homens, fazei vós também a eles" (Luc 6,31).

É um dever que te impõe a caridade, que não permaneças indiferente, quando chegar ao teu conhecimento que alguma das tuas irmãs ou das tuas amigas começam desviar-se do bom caminho. Quantas jovens que não se preservariam de extravios se tivesse uma verdadeira amiga que oportuna e carinhosamente a avissasse!

Quando tomares conhecimento de que alguma de tuas colegas estão se encaminhando por vias perigosas e fatais, sê verdadeira amigaestenda-lhe a mãoReza alguns duas principalmente por essa colega, recomenda-a, antes de tudo, ao seu Anjo da Guarda, admoesta-a de maneira prudente, caridosa e séria, de modo que perceba que tens intenções boas.

Se o aviso não produzir efeito imediato, não percas a confiança, continua a rezar, ainda mais por ela e a dizer-lhe, de quando em vez, uma boa palavra. Assim poderás, talvez, arredá-la do caminho do pecado.

Lembra-te destas palavras: aprende a dominar a língua, aprende a falar e calar oportunamente.

"Ouvi, filhos, as regras que vos dou sobre a moderação da língua: aquele que as guardar não perecerá pelos lábios, nem cairá em ações criminosas" (Ecli., 23,7)

(Excertos do livro: Donzela cristã, do Pe. Matias de Bremscheid)


quinta-feira, 28 de junho de 2012

Modéstia masculina



Por um pedido de uma seguidora, resolvemos postar um excelente artigo sobre a modéstia masculina.

O Padrão Católico de Vestimenta


Para o Homem

Por Pe. Peter Scott
(Traduzido por Andrea Patricia)

A modéstia é uma virtude moral, e uma parte da virtude da temperança, pelo qual uma pessoa traz moderação para suas ações externas e para dentro (na medida em que pode ser refletida por certos sinais exteriores), a fim de mantê-las sob o controle da razão correta (Summa Theologica, IIa IIae Q.160, a.2). São Tomás de Aquino enumeraquatro tipos de modéstia em matéria comum, que são obrigatórias para todos:

* A primeira é o movimento da mente em direção a alguma excelência, e este é moderado pela humildade.
* A segunda é o desejo de coisas relativas ao conhecimento, e esta é moderada pelo estudo cauteloso que se opõe à curiosidade.
* A terceira refere-se a movimentos corporais e ações (incluindo palavras), que se requer que sejam feitas de forma conveniente e honestamente, se agirmos a sério ou numa brincadeira [em jogos].
* A quarta se refere aparência exterior, por exemplo, vestir e coisas do gênero. (Ibid.)

Se todos os quatro aspectos da modéstia são igualmente importantes, não resta nenhuma dúvida de que os dois últimos, que não têm nome especial, são mais comumente entendidos pelo termo modéstia. Além disso, é mais especialmente o último que é referido por modéstia, por causa da desordem da natureza humana caída, que é mais facilmente derrotada pela atração desordenada para o mais baixo tipo de imodéstia.

Claramente os homens têm um direito igual ao das mulheres de evitar palavras ou ações provocativas e evitar qualquer tipo de vestuário que possa mostrar a sua pessoa ou seu corpo, levando à vaidade. Como as mulheres, eles são proibidos, portanto, de mostrar seus corpos em público de uma forma indecorosa, ou de uma forma que pode produzir uma atração desordenada no sexo oposto. Os homens devem sempre vestir uma camisa para praticar exercícios, e shorts* não devem ser usados em público, mas só serão utilizados para o esporte, e não devem ser muito curtos ou muito apertados.Da mesma forma, os homens devem vestir-se modestamente para a Missa de Domingo, com camisa, gravata, blazer, calça, tudo isso que simboliza um senso de responsabilidade do homem, conduzindo sua família para a auto-disciplina ordenada do vestuário modesto, e cumprindo com o seu dever na verdadeira adoração a Deus.

No entanto, existem duas diferenças importantes na aplicação destes princípios aos homens, em comparação com as mulheres, e que são a razão pela qual os documentos da Igreja sobre o assunto referem-se a modéstia em mulheres. A primeira é que a natureza de uma mulher faz dela muito mais propensa à tentação da vaidade, para mostrar o seu corpo, e a natureza de um homem faz dele muito mais tentado por ver isto. Conseqüentemente, as infrações mais graves e mais perigosas contra o pudor, entendido em seu quarto e mais restrito sentido, ou seja, contra a pureza, são feitas por mulheres.

É por esta razão que a Igreja tem sido muito mais inflexível sobre o vestuário da mulher, como na seguinte citação de um decreto da Sagrada Congregação do Concílio de 18 de janeiro de 1930:

Sua Santidade, Pio XI, nunca deixou de inculcar na palavra e na escrita o preceito de São Paulo (I Tim 2, 5-10) “As mulheres também em vestuário decente; adornem-se com modéstia e sobriedade”, "como mulheres que fazem profissão de piedade com boas obras.”

E em muitas ocasiões, o mesmo Sumo Pontífice reprovou e condenou vigorosamente a imodéstia no vestir que hoje está em voga em todos os lugares, até mesmo entre as mulheres e meninas que são católicas, uma prática que fere gravemente a virtude suprema e a glória das mulheres e, além disso infelizmente leva não apenas a sua desvantagem temporal, mas, o que é pior, a sua ruína eterna e a de outras almas.

Não é de admirar, então, que os Bispos e outros Ordinários dos lugares, quando tornam-se ministros de Cristo, têm em sua diocese respectivas resistido por unanimidade em todos os sentidos a estas maneiras licenciosas e desavergonhadas e com isso têm alegremente e corajosamente suportado o escárnio e o ridículo, por vezes, dirigidos a eles pelos mal dispostos…

Há uma segunda razão pela qual a modéstia no vestir é especialmente aplicável às mulheres acima dos homens. É que há uma forma especial de imodéstia que é característica de nossos tempos modernos, e é a imodéstia das mulheres vestindo roupas masculinas, principalmente calças e shorts. Isso prejudica a percepção psicológica que uma mulher tem de si mesma e de sua diferença do homem, que por sua vez a desfeminiza, corrói a relação natural entre homens e mulheres, remove a defesa da excessiva familiaridade, e, eventualmente, degrada as relações entre homens e mulheres para o nível da sensualidade. É esta forma de imodéstia que é, em última análise, de longe, a mais destrutiva das relações humanas e da virtude da pureza.

Se, portanto, há certamente um padrão de modéstia para os homens, deve sempre ser lembrado que a batalha pela modéstia das mulheres é tanto mais crucial quanto mais difícil de vencer.

Homens de verdade, no entanto, ensinam e lideram pelo exemplo. Se eles têm dificuldade ao insistir na modéstia de suas esposas ou filhas, eles vão se lembrar de praticar com muita precisão todos os quatro tipos de modéstia mencionadas acima, e as suas admoestações darão frutos.
Fonte: Maria Rosa

Sê Pura


Encanto e formosura


É puro o lírio, pura a açucena porque são brancos sem mancha alguma. É pura uma moça que tem a alma branca e o corpo sem mácula. Ser pura é não admitir profanações no corpo, templo santo de DEUS. Vós sois o templo de DEUS vivo.“Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do ESPÍRITO SANTO, que habita em vós, o qual recebeste de DEUS e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque foste comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a DEUS no vosso corpo” (1 Cor 6, 19-20).


As almas virgens são as delícias de JESUS. Enquanto viveu na Terra, quem foram os seus prediletos? Os humildes e puros: a Virgem Maria Sua Mãe Imaculada, São José e São João Evangelista. No Céu está rodeado de um coro de virgens que Lhe cantam um hino que ninguém mais pode cantar. E tu não queres guardar o teu coração puro para dar gosto a JESUS? Não queres ser amada pelo melhor dos amigos? Não queres gozar da ternura especial que a Mãe de Deus reserva para as almas puras? Não queres ser venerada pelos próprios homens, que, no fim de contas, desprezam a leviandade e a impureza?


castidade será a tua alegria. Dar-te-á sossego e paz. O teu coração sentir-se-á satisfeito. No teu rosto brilhará a candura e a felicidade. Serás um anjo, feliz neste mundo e feliz sobretudo no outro. É a promessa de JESUS: “Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a DEUS.” (Mt 5, 8).


E a impureza, que dá? A ruína do corpo e a ruína da alma: remorso, vergonha, desonra, e, quantas vezes, a doença, a morte e o inferno.


A maior parte das almas vai para o inferno por pecados cometidos contra a pureza. Não duvido até afirmar que todos os que se condenam vão para o inferno ou só por este pecado ou, pelo menos com este pecado também. (S. Afonso Maria de Ligório).


Queres ser pura? Com a graça de DEUS podes sê-lo. Basta querer e lutar.


As tentações são muitas? É verdade. Mas a graça dar-te-á força para combater, resistir e vencer. Tomara não tenha havido manchas na tua vida. Se alguma coisa tivesse que reparar, é sempre tempo de lhe por remédio generoso e energético.


Olha para o teu futuro. – Virás a ser um dia mãe de família? A melhor prenda que podes levar para esse estado é o da tua inocência. – Terás uma vocação alta: a virgindade consagrada a DEUS na vida religiosa ou mesmo no mundo? Exulta de alegria... O teu Céu começou já na Terra.


Para seres pura, põe em prática estes conselhos:


CAMINHO:




1 – Recato e modéstia, mesmo quando te encontrares só. DEUS vê tudo, o Anjo da Guarda está sempre presente. As modas livres. Quantas tentações e ruínas elas causam! Julgas que és uma moça interessante e moderna sujeitando-se a essas modas? Dizia Jacinta: “Virão umas modas que ofenderam muito a Nosso Senhor”.


Não guardas a decência no vestir? Estás a caminho de perder a pureza. Mesmo nas praias, nunca te será lícito usar trajes indecorosos.


2 – Não cultives namoros por passatempo, vaidade ou sensualidade (flirt). Não vês que estás à beira dum precipício, e que podes manchar o coração?


3 – Escândalo. Ai de ti se com maneiras imodestas de vestir ou outras leviandades arrastasses alguém para o pecado! São Paulo ameaça: “Não sabeis que sois o templo de DEUS. Se alguém destruir o templo de DEUS, DEUS o destruirá. Porque o templo de DEUS é sagrado.” (Leia: 1Cor 6, 12-20).


4 – Tem cuidado com as leituras: Se causam grave perigo à tua alma, deixa-as. Vence a curiosidade por amor a JESUS. Tem cautela com os postais e revistas ilustradas. Foge dos maus filmes. O DVD* que julgavas bom, pertuba-te? Fecha os olhos. E se o escândalo for grande, por que não sais da sala? Pensas que és a única a proceder assim? Se soubesses quantas jovens de caráter o fazem para a guarda da sua pureza!


5 – Nunca fales de assuntos perigosos. Começaram os outros? Retira-te, muda com habilidade a conversa ou, pelo menos, mantém-te em silêncio.


6 – Afasta os maus pensamentos: Acometem-te muitas fezes? Não te admires. Assim sucede com as outras pessoas, ainda as mais santas. Não há nisso pecado algum. O pecado está na deleitação consentida, na demora maliciosa. Acode ao Coração de JESUS ou a Nossa Senhora com uma breve oração. Não percas a paz. Em geral, o melhor será procurar ocupar-te com algum trabalho, oração ou leitura espiritual, para absorver a imaginação.


7 – Trabalha: Não devaneies. A moça é, por sua natureza, sonhadora. Domina essa tendência e emprega bem o tempo. Não o ocupes em futilidades. Estuda, trabalha, ajuda em casa, ensina o catecismo, reza, leia o Novo Testamento, etc.


8 – Foge das ocasiões: bailes perigosos, danças imorais, intimidade ou convivência de pessoas menos dignas... Foge, como de peste, das más companhias. Falas com algum rapaz? Muita cautela no que dizes e no que ouves. Conversas em lugares retirados; nenhuma moça que se quer manter pura as pode admitir. Quantos perigos nessas ocasiões! Às vozes sedutoras do mal responde com decisão e coragem: Não! Santa Inês era uma encantadora menina de 13 anos. Hoje é venerada em todo o mundo como mártir da pureza. Por que? Porque antes se quis deixar matar que consentir em desobedecer um mandamento de DEUS! O mesmo fizeram Santa Maria Goretti e quantas outras mártires da pureza! Se te vires num momento desses, pede coragem a JESUS e responde decididamente: “Não! Antes morrer que pecar”.


MAIS QUE TUDO:


1 – Sê muito devota do Sagrado Coração de JESUS “fonte de toda a pureza”. Sê também muito devota do Imaculado Coração de Maria que é a Mãe e a protetora das almas puras. Abriga-te bem à sombra do seu manto virginal. Pede-lhe muito a graça da pureza. Que não passe nenhum dia sem rezares o Terço em sua honra.


2 – Faz em honra dos Sagrados Corações de JESUS e Maria, alguns sacrifícios. Resolve: vestir-te sempre modestamente, sem exageros perturbadores, ocupar bem o tempo, fugir das más companhias. Poderás acrescentar também outras mortificações como as que faziam os pastorinhos de Fátima. O demônio da impureza só com oração e penitência de vence.


3 – Reza com freqüência. Vem a tentação? Recorre logo a Nossa Senhora com uma breve jaculatória.


“Ninguém pode resistir, se não recorre a DEUS, quando é tentado... Quem não se recomenda a DEUS está perdido. A única defesa contra estas tentações é a oração. A castidade é uma virtude árdua. Não temos força para guardar sem o auxílio a quem o pede. Quem o pede, obtém-no certamente” (S. Afonso M. de Ligório).


4 – Confessa-te amiúde com muita humildade e contrição. Se não estás verdadeiramente arrependida, com firme propósito de não mais pecar, podes fazer uma confissão nula ou sacrílega. Sê sincera com o confessor. Não te envergonhes. Ele conhece bem as fraquezas da juventude. Com poucas palavras entende tudo.


5 – Comunga muitas vezes. O corpo de JESUS é “o pão dos Anjos” e o Seu Sangue é o “vinho que gera Virgens”. Quando JESUS estiver no teu coração, pede-Lhe com fervor e confiança que não te deixe cair em tentação, que te faça muito pura e humilde.


6 – Acredita. A pureza é difícil. Mas é tal o seu valor, o seu encanto, que vale a pena empregar todos os esforços para consegui-la. Maria Santíssima é imensamente boa e amiga, que te há de ajudar a lutar e vencer. Volta-te com muito amor, humildade e confiança para o seu Coração Imaculado.


Retirado do livro “A Castidade nos Três Estados” – Dr. José Gonzaga Franco Filho – Livraria da Divina Misericórdia Ltda.


* No original: ‘A fita que julgavas boa’.

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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Doce Jesus



Os sentimentos do Sagrado Coração de Jesus nas tribulações

1. Jesus. Considera, filho, quais foram os sentimentos do meu Coração no sofrimento, e esforça-te por imitá-los. Durante a minha vida mortal o meu Coração sempre sofria e ao mesmo tempo se alegrava. 
Compreende minhas palavras, filho. Não falo da minha vontade divina, visto ser ela imensa e incapaz de sofrer. Mas refiro-me à minha vontade humana, pela qual pratiquei virtudes, adquiri méritos e operei a redenção dos homens.

Desde o inicio da existência da minha humanidade, o meu Coração plenamente se alegrava na visão e gozo perene da Divindade que lhe estava hipostaticamente unida, tornando-o em sumo grau bem-aventurado. Ao mesmo tempo, porém, por especial concurso da Divindade, o meu Coração se afligia pelas cruéis e acerbas dores da Paixão, que lhe cumpria experimentar.

Entretanto, a respeito da cruel e dolorosa Paixão, sob diverso ponto de vista, o meu Coração a um tempo se afligia e se alegrava. Afligia-se por ser dura e penosa à sua humanidade, mas regozijava-se como sendo da vontade divina e destinada à salvação dos homens.

Meu Coração era dotado de vontade humana que, embora uma em si, possuía dupla operação: a inferior, que espontaneamente temia e esquivava as dores da natureza humana, e a superior, que, por motivos mais elevados deliberadamente abraçava com amor essas mesmas dores. Ambas as partes, tanto a inferior como a superior, eram retas, jamais desordenadas nem debilitadas por algum defeito.

A parte inferior, que considerava e desejava o bem e proveito da sua natureza, receando e evitando a dor e a morte, deixava-se governar ao mesmo tempo pela parte superior. Esta, por sua vez, submetia e conformava a inferior e a si própria à divina vontade. Daí procediam atos sobrenaturais e perfeitos de virtude. Daí provinham os méritos e as abundantes riquezas da graça, acumulados em favor dos homens. Lembra-te, filho, que possuis vontade semelhante à minha, não de igual modo perfeita e íntegra, mas, não obstante, realmente livre. E nesta tua vontade encontras igualmente duas partes: a superior e a inferior.

2. Filho, os sofrimentos que te aguardam, não os conheces sempre, nem ao mesmo tempo. Assim acontece por minha misericórdia e benignidade para que, vendo-os, quase sempre, só à medida que se apresentam, mais facilmente suportes cada um.Minha dor, porém, sempre esteve diante dos meus olhos. Onde quer que me achasse, sempre via os tormentos futuros.

Não houve momento em que me estivesse oculto o que a meu respeito predisseram os profetas, o que anunciaram as antigas figuras, o que havia de forjar a malícia do mundo e do inferno, os horríveis suplícios exigidos pelos pecados dos homens, pela gloria ultrajada de meu Pai celeste e por tua salvação, ó filho.

Esses sofrimentos com todos os seus pormenores continuamente estavam presentes ao meu olhar e me oprimiam o Coração. Mas era tal o amor do meu Coração que de bom grado tudo suportava e padecia. O amor me tornava tudo delicioso: trabalhos e vigílias, opróbrios e escárnios, açoites, espinhos e cruz, enfim, tudo quanto a divina vontade dispusera para a bem-aventurança dos homens. Eis, ó filho, a principal disposição do meu Coração padecente: o amor de Deus e dos homens. Desta fonte derivavam todos os demais sentimentos.

3. Daí provinha a inexaurível paciência do meu Coração, com a qual tolerava sem queixa nem amargura, tão grandes dores, embora imerecidas e indignas. O amor é paciente. O amor tudo suporta (1 Cor 13,7).

Daí provinha a resignação do meu Coração ao divino beneplácito em meio de todas as aflições e dores. Conformando por amor minha vontade à divina, estava espontaneamente pronto a tudo padecer.

Daí nascia a alegria do meu coração no sofrimento. Quem ama, conhecendo a bondade do objeto amado, alegra-se ao fruí-lo. Meu Coração conhecia perfeitamente a excelência da vontade divina e por isso deleitava-se em cumpri-la, mesmo entre os muitos e vários sofrimentos.

Daí se originava o sobrenatural desejo de sofrer que me inflamava o Coração. Com efeito, o verdadeiro amor deseja realmente dar prova da sua sinceridade, ternura e fidelidade. Por isso, meu Coração, continuamente estimulado pelo amor, sempre anelava consumar aquela dolorosa Paixão, que seria para Deus e permaneceria para os homens prova manifesta e sempiterna da sinceridade, ternura e fidelidade e mesmo exuberância de meu amor.

4. Entretanto, meu filho, o amor do meu Coração queria ir mais longe. Almejava com seus excessos arrebatar os corações dos homens e abrasá-los em seu ardor. Eu viera trazer o fogo à terra, e qual a minha vontade senão que se inflamasse? (LC 12,49). Para isso cumpria-se ser batizado no vivo e ardente batismo de meu Sangue. Refiro-me à Paixão, na qual me vi totalmente mergulhado e submerso.

Quanto me sentia angustiado até à sua consumação! Quanto suspirava o meu Coração por esse batismo ardente, cuja força maravilhosa havia de purificar, aquecer e inflamar os corações dos homens!

Ali se purificaram e abrasaram os apóstolos e mártires, os santos confessores e virgens, que, em seu puro amor para comigo, estavam prontos a tudo sofrer e a seguir-me por aflições, mortificações, mil tormentos e mil mortes. E teu coração, filho, será incapaz de inflamar-se? Se te amei a tal ponto, foi para estimular-te a retribuir-me a dileção, a fim de reivindicar para mim todo o teu amor.

5. Filho, se considerares amiúde com atenção até que ponto te amei, e quanto maiores motivos tens de amar-me do que eu a ti, sem dúvida serás incitado a pagar-me amor com amor. Uma vez que o amor se apoderar do teu coração, há de produzir nele, em relação ao sofrimento, sentimentos análogos aos do meu Coração.

Quanto mais me amares, tanto mais estarás pronto a sofrer. E quanto melhor sofreres, tanto mais perfeitamente me amarás. Se te acontecer não experimentar, em relação ao sofrimento, os sentimentos do meu Coração, é sinal que o teu não se acha em bom estado, ou antes está em má disposição. Examinando-o, descobrirás que a causa é porque teu coração, privado do divino fervor, se entorpece no frio da indiferença ou é queimado pela viciosa febre do amor-próprio.

Mas justamente por te veres tão maldisposto, que és incapaz de tocar e saborear essas iguarias, tão dignas das grandes almas, toma o propósito de erguer-te e estimular-te virilmente. E, pelo menos, deseja teu coração seja assim animado pelos mesmos sentimentos que o meu.

6. Ora com frequência e fervor, não obstante a relutância da natureza, para conheceres o valor desses sentimentos e seres capaz de amar seus inestimáveis frutos. 

Se fores sincero na oração, abrir-se-ão os olhos da tua alma para veres claramente que a sabedoria mundana, inimiga das salutares humilhações e mortificações, é verdadeira loucura, e, ao contrário, o amor desses mesmos sofrimentos constitui a genuína sabedoria que eu mesmo, descendo do céu, ensinei pela palavra e pelo exemplo. E, se perseverares na oração, se te dará copiosa graça para abraçares piedosamente as tribulações e as suportares santamente.

Todavia, não te contentes com a oração, mas também esforça-te, com o auxílio da graça e na medida de tuas forças, por abnegar-te, suportar as aflições e carregar comigo a cruz. Bem-aventurado o que se compraz nos sofrimentos que santificam! Este é sem dúvida instruído mais pela unção divina do que pela indústria humana. É movido mais pela graça do que pela natureza. Nada há, filho, que faça melhor conhecer o verdadeiro discípulo do meu Coração do que a estima e o amor do sofrimento padecido por minha causa.

7. Discípulo. Ó bom Jesus! Quão grande foi a caridade do vosso Coração para comigo! Quão gratuita a sua dileção! Quão ardente a sua sede da minha felicidade! Quanto não sofrestes por puro amor! E tudo por mim, a fim de me remir, ensinar, consolar e unir a vós por amor! Acaso poderei jamais esquecer-vos? Acaso vos amarei assaz? É pouco, confesso-o, mas digno e justo amar-vos de todo o coração, seguir-vos por amor, mesmo na adversidade, até a morte. Entretanto, meu Deus e Salvador, sinto ser-me necessária grande graça para amar o sofrimento e imitar no padecer os sentimentos do vosso Coração.

Se o céu não me ajudar, não poderei com mérito abnegar-me em grandes ou pequenas coisas, nem abraçar alegremente a cruz, superar os sentimentos naturais, acompanhar-vos por toda parte, com perseverança até à morte. Mas, já que me convidais e até me chamais, concedei-me para isso graça copiosa, que me leve a fazer quanto não posso por mim mesmo.

Dilatando o meu coração, nele gravai larga e profundamente os sentimentos do vosso Coração padecente, para que eu de coração manso e humilde, me compraza em sofrer todas as penas por vós enviadas.

Trigésima-Quinta Rosa - Cardeal Pierre





Cardeal Pierre

O Bem-aventurado Alano relata que um certo Cardeal Pedro, tinha por igreja titular Santa Maria, além do Tibério, era bom amigo de São Domingos e que tinha aprendido dele uma grande devoção ao Santíssimo Rosário. Gostou tanto que nunca cessava de tecer louvores e aconselhava a todos a abraçar esta devoção.

Eventualmente ele foi enviado como legado à Terra Santa com os cristãos que lutavam contra os sarracenos. Conseguiu convencer o exército cristão do poder do Rosário que eles todos começaram a rezá-lo pedindo o auxílio dos Céus para uma batalha que sabiam que estavam em desvantagem de número. Isto resultou em vitória para eles, pois três mil cristãos triunfaram sobre o exército inimigo, que contava cem mil soltados. Como vimos, os demônios temem e ficam oprimidos com o Rosário. São Bernardo diz que a Saudação Angélica os coloca em fuga e fez tremer o inferno.

O Bem-aventurado Alano diz que ele já viu várias pessoas serem libertadas de satanás após abraçar (rezar e meditar diariamente) o Rosário, mesmo tendo previamente vendido seu corpo e alma a ele, através da renúncia dos votos batismais e de sua aliança com Nosso Senhor Jesus Cristo.



39º Capitulo - Extraído do Livro "O Segredo do Rosário" São Luiz M. Grignion de Montfort

terça-feira, 26 de junho de 2012

Modéstia dos Olhos‏

Quase todas as paixões que se revoltam contra nosso espírito têm sua origem na liberdade desenfreada dos olhos, pois os olhares livres são os que despertam em nós, de ordinário, as inclinações desregradas. “Fiz um contrato com meus olhos de não cogitar sequer em uma virgem”, diz Jó (Job 31, 1). Mas, por que diz ele de não pensar sequer em uma virgem? Não parece que deveria dizer: Fiz um contrato com meus olhos de não olhar sequer? Não, ele tem toda a razão de falar assim, porque o pensamento está intimamente ligado ao olhar, não se podendo separar um do outro, e, para não ter maus pensamentos, propôs-se esse santo homem nunca olhar para uma virgem.




Santo Agostinho diz: “Do olhar nasce o pensamento, e do pensamento a concupiscência”. Se Eva não tivesse olhado para o fruto proibido, não teria pecado; ela, porém, achou gosto em contemplá-lo, parecendo-lhe bom e belo; apanhou-o então, e fez-se culpada da desobediência.

Aqui vemos como o demônio nos tenta primeiramente a olhar, depois a desejar e, finalmente, a consentir. Por isso nos assegura São Jerônimo que o demônio só necessita de nosso começo: dá-se por satisfeito se lhe abrimos a metade da porta, pois ele saberá conquistar a outra metade. Um olhar voluntário, lançado a uma pessoa do outro sexo, acende uma faísca infernal que precipita a alma na perdição. “As primeiras setas que ferem as almas castas, diz São Bernardo (De mod. ben. viv., serm. 23), e não raro as matam, entram pelos olhos”. Por causa dos olhos caiu Davi, esse homem segundo o coração de Deus. Por causa dos olhos caiu Salomão, esse instrumento do Espírito Santo. Por causa dos olhos, quantas almas não se perderam eternamente?

Vigie, pois, cada um sobre seus olhos, se não quiser chorar uma vez com Jeremias: “Meus olhos me roubaram a vida” (Jer 3, 51); as afeições criminosas que penetraram em meu coração por causa dos meus olhares, lhe deram a morte. São Gregório diz (Mor. 1, 21, c. 2): “Se não reprimires os olhos, tornar-se-ão ganchos do inferno, que a força nos arrastarão e nos obrigarão, por assim dizer, a pecar contra a nossa vontade”. “Quem contempla objeto perigoso, acrescenta o Santo, começa a querer o que antes não queria”. É também o que diz a Sagrada Escritura (Jdt 16, 11), quando diz que a bela Judite escravizou a alma de Holofernes, apenas este a contemplou.

Sêneca diz que a cegueira é mui útil para a conservação da inocência. Seguindo esta máxima, um filósofo pagão arrancou-se os olhos para quardar a castidade, como nos refere Tertuliano. Isso, porém, não é lícito a nós, cristãos; se queremos conservar a castidade, devemos, contudo, fazer-nos cegos por virtude, abstendo-nos de olhar o que possa despertar em nós os maus pensamentos. “Não contemples a beleza alheia; disso origina-se a concupiscência, que queima como o fogo” (Ecli 9, 8). À vista seguem-se as imaginações pecaminosas, que acendem o fogo impuro.

São Francisco de Sales dizia: “Quem não quiser que o inimigo penetre na fortaleza, deve conservar as portas fechadas”. Por essa razão foram os Santos tão cautelosos em seus olhares. Por temor de enxergarem inesperadamente qualquer objeto perigoso, conservavam os olhos quase sempre baixos, e se abstinham de olhar coisas inteiramente inocentes.
São Bernardo, depois de um ano inteiro no noviciado, não sabia ainda se o teto de sua cela era plano ou abobadado. Na igreja do convento havia três janelas e ele não o sabia, porque conservara os olhos baixos. Evitavam os Santos, com cautela maior ainda, pôr os olhos em pessoa de outro sexo. São Hugo, bispo, nunca olhava para o rosto das mulheres com quem tinha de conversar. Santa Clara nunca olhava para a face de um homem. Aconteceu uma vez que, levantando os olhos para a Hóstia Sagrada, durante a Elevação, viu o rosto do sacerdote, com o que ficou profundamente aflita.

Julgue-se agora quão grande é a imprudência e temeridade dos que, não possuindo a virtude dum desses Santos, ousam passear suas vistas em todas as pessoas, não excetuando as de outro sexo, e querendo ainda ficar livre de tentações e do perigo de pecar. São Gregório diz (Dial. 1.2, c. 2) que as tentações que levaram São Bento a revolver-se sobre espinhos, provieram de um olhar imprudente sobre uma senhora. São Jerônimo, achando-se na gruta de Belém, onde continuamente orava e macerava seu corpo com as mais atrozes penitências, foi por longo tempo atormentado pela lembrança das damas que vira tempos antes em Roma. Como, pois, poderemos ficar preservados de tentações, quando nos expomos ao perigo, olhando e até fitando complacentemente pessoas de outro sexo?

O que nos prejudica não é tanto o olhar casual como o premeditado, o mirar. Razão porque Santo Agostinho diz (Reg. ad Serv. Dei, n. 6): “Se vossos olhos casualmente caírem sobre uma pessoa, cuja vista vos pode ser prejudicial, guardai-vos, ao menos, de fitá-la”. E São Gregório diz: “Não é lícito contemplar ou extasiar-se com a vista daquilo que não é lícito desejar, pois, ainda que expulsemos os maus pensamentos que costumam seguir o olhar voluntário, deixam sempre uma mancha na alma”. Tendo-se perguntado ao irmão Rogério, franciscano, dotado de uma pureza angélica, por que se mostrava tão reservado em seus olhares, quando trata va com mulheres, respondeu: “Se o homem foge à ocasião, Deus o protege; se se expõe a ela, Nosso Senhor o abandona e facilmente cairá no pecado”.

Suposto mesmo que a liberdade que se concede aos olhos não produzisse outros males, impediria sempre o recolhimento da alma durante a oração; pois tudo o que vimos e nos impressionou, apresenta-se aos olhos de nossa alma e nos causa uma imensidade de distrações. Quem já tem recolhimento de espírito durante a oração, tome muito cuidado para não se ver privado dessa graça dando liberdade a seus olhos.

Está fora de dúvida que um cristão que vive sem recolhimento de espírito não pode praticar as virtudes cristãs da humildade, da paciência, da mortificação, como deveria. Guardemo-nos, por isso, de olhares curiosos, e só olhemos para objetos que elevam para Deus o nosso espírito. “Olhos baixos elevam o coração para o Céu”, dizia São Bernardo. São Gregório Nazianzeno (Ep. ad Diocl.) escreve: “Onde habita Cristo com Seu amor, reina aí a modéstia”. Com isso não quero, porém, dizer que nunca se deva levantar os olhos ou considerar coisa alguma; pelo contrário, é até bom, às vezes, olhar coisas que elevam nosso coração para Deus, como santas imagens, prados floridos, etc, já que a beleza dessa criatura nos atrai à contemplação do Criador.

Deve-se notar também que a modéstia dos olhos é necessária não só para nosso próprio bem, como para a edificação do próximo. Só Deus vê o nosso coração; os homens vêem apenas nossas obras externas e, ou se edificam, ou se escandalizam com elas. “Pelo rosto se conhece o homem”, diz a Escritura (Ecli 19, 26), isto é, pelo exterior se depreende o que é o homem interiormente. Todo cristão, por isso, deve ser o que era São João Batista, conforme as palavras do Salvador (Jo 5, 35): “Uma lâmpada que arde e ilumina”. Interiormente deve arder em amor divino; exteriormente, alumiar, pela modéstia, a todos os que o vêem. Também a nós se podem aplicar as palavras que São Paulo dirigiu a seus discípulos (I Cor 4, 9): “Somos o espetáculo dos anjos e dos homens”. “A vossa modéstia seja conhecida de todos os homens” (Filip 4, 5).

Pessoas devotas são observadas pelos anjos e pelos homens, e, por isso, sua modéstia deve ser notória a todos, do contrário, deverão dar rigorosas contas a Deus no dia do Juízo. Observando a modéstia, edificamos sumamente os outros e os estimulamos à prática da virtude.

É celebre o que se conta de São Francisco de Assis: Uma vez deixou ele o convento junto a uma companheiro, dizendo que ia pregar; tendo dado uma volta pela cidade com os olhos baixos, entrou novamente no convento. ‘Mas quando farás o sermão?’, perguntou-lhe o companheiro. ‘Já o fiz, respondeu-lhe o Santo, consistiu todo no resguardo dos olhos, do que demos exemplo ao povo’.

Santo Ambrósio diz que a modéstia das pessoas virtuosas é uma exortação mui poderosa ao coração dos mundanos. “Quão belo não seria se bastasse te apresentares em público para fazeres bem aos outros!” (In ps. 118, s. 10). De São Bernardino de Sena se conta que, mesmo antes de entrar para o convento, bastava só a sua presença para pôr fim às conversas livres de seus companheiros; mal o avistavam, diziam uns para os outros: Silêncio, Bernardino vem vindo; e então calavam-se ou começavam a falar de outras coisas. Santo Efrém, segundo o testemunho de São Gregório de Nissa, era tão modesto, que já a sua vista estimulava à devoção, e não se podia vê-lo sem se sentir levado a se tornar melhor. Mais admirável ainda é o que nos refere Suvio, do santo sacerdote e mártir Luciano: só por sua modéstia moveu muitos pagãos a abraçarem a santa Fé. O imperador Mazimiano, que fôra disso informado, temendo sentir a sua influência e ser obrigado a converter-se, citou-o à sua presença, mas não quis vê-lo, e sujeitou-o ao interrogatório ocultando-o a suas vistas por uma cortina estendida entre os dois.

Nosso ideal mais perfeito de modéstia foi, porém, o nosso Divino Salvador mesmo, pois, como nota um célebre autor, os Evangelistas dizem, várias vezes, que o Redentor levantou os olhos em certas ocasiões, dando a entender, com isso, que tinha ordinariamente os olhos baixos. Por isso exalta o Apóstolo a modéstia de seu Divino Mestre, escrevendo a seus discípulos: “Rogo-vos pela mansidão e modéstia de Cristo” (II Cor 10, 1).

Concluo com as palavras de São Basílio a seus monges: “Se quisermos que nossa alma tenha suas vistas sempre postas no Céu, filhos queridos, conservemos nossos olhos sempre voltados para a terra”. De manhã, ao despertar, devemos já pedir, com o Profeta: “Afastai meus olhos, Senhor, para que não vejam a vaidade” (Sl 118, 37).

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SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO, Escola da Perfeição Cristã, compilação de textos do Santo Doutor pelo padre Saint-Omer, CSSR, tradução do padre José Lopes, CSSR, IV Edição, Editora Vozes, Petrópolis: 1955.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O perigo de conviver com hereges


“Por duas razões não se deve manter relações com os hereges. Primeiramente, por causa da excomunhão, pois, sendo excomungados, não se deve ter relações com eles, da mesma maneira que com os outros excomungados. A segunda razão é a heresia. – Em primeiro lugar, por causa do perigo, para que as relações com eles não venham a corromper os outros, segundo aquilo da primeira epístola aos Coríntios (15, 33): ‘As más conversações corrompem os costumes’. E em segundo lugar para que não pareça se prestar algum assentimento às suas doutrinas perversas. Daí dizer-se na segunda epístola canônica de S. João (v. 10): ‘Se alguém vier a vós e não trouxer esta doutrina, não o recebais em vossa casa, nem o saudeis, pois o que o saúda toma parte em suas más obras’. E aqui a Glosa comenta: ‘Já que para isso foi instituída, a palavra demonstra comunhão com esse tal: de outro modo não seria senão simulação, que não deve existir entre cristãos’. Em terceiro e último lugar, para que nossa familiaridade [com eles] não dê aos outros ocasião de errar. Por isso, outra Glosa comenta a respeito dessa passagem da Escritura: ‘E se acaso vós mesmos não vos deixais enganar, outros todavia, vendo vossa familiaridade [com os hereges], podem enganar-se, acreditando que esses tais vos são agradáveis, e assim crer neles. E uma terceira Glosa acrescenta: ‘Os Apóstolos e seus discípulos usavam de tanta cautela em matéria religiosa, que não sofriam sequer a troca de palavras com os que se haviam afastado da verdade’. Entende-se, porém: excetuado o caso de alguém que trata com outro a respeito da salvação, com intuito de salvá-lo”.


São Tomás de Aquino [Quaestiones quodlibetalesquodlibeto 10, q. 7, a. 1 (15), c.]



domingo, 24 de junho de 2012

Roupas para a Missa e o decoro na Casa de Deus




Você já se perguntou como deve ir vestido(a) à Igreja? Se sim, louvado seja Deus. Infelizmente, nem todas as pessoas têm essa preocupação. Não é porque vamos à Igreja que não precisamos nos arrumar bem, é justamente o contrário! Quando digo sobre nos arrumarmos bem, não estou dizendo em questão de “elegância”, e muito menos de modismos, mas de decência e de decoro. A Casa de Deus não é qualquer casa, muito menos um lugar qualquer. Lamentavelmente, as pessoas têm a idéia errada de que a Casa de Deus é igual à “casa-da-mãe-joana”, e adentram nela vestidas bastante “à vontade”, quando não desleixadas ou mesmo irreverentes. A Igreja é um lugar Santo, pois ali reside Nosso Senhor na Hóstia Consagrada dentro do Sacrário, e é por este motivo que devemos estar bem apresentáveis (com decoro e decência) quando adentramos no Santo Templo de Deus.

Quando vamos à casa de alguém importante nos vestimos do melhor modo possível. Quando vamos a um casamento, colocamos nossas roupas mais bonitas. Se tivéssemos que visitar algum rei nos vestiríamos do modo mais apresentável e respeitável possível. Garanto que ninguém vestiria bermuda e chinelo em nenhuma das circunstâncias que citei. Pois bem, na Igreja reside o Rei dos reis, Senhor dos senhores, e tem gente que insiste em ir lá vestida com trajes inapropriados, quase praianos. Para Deus devemos nos apresentar com o maior zelo possível, da melhor forma possível de acordo com a condição de cada um. Vestir-se bem na presença de Deus não implica em usar roupa chique, mas em usar roupa modesta!Portanto, vestir-se bem é sinônimo de modéstia.

Roupas para ir à Igreja e à Santa Missa

Antigamente as pessoas usavam o termo “roupa de domingo” para as roupas usadas para ir à Missa; não raro era somente uma peça de roupa! e era só para ir à Santa Missa mesmo, no domingo. Nos demais dias, a “roupa de domingo” ficava guardadinha, esperando a próxima Missa! E como era boa e respeitosa essa época, as mulheres com seus vestidos modestos e comportados, usando véu na Igreja, e os homens com trajes simples, sociais, mas modestos e de muito bom gosto!

Como hoje já não se comenta mais sobre as roupas adequadas para homens e mulheres irem à Igreja e à Santa Missa, farei algumas descrições e considerações gerais, na medida do possível, acerca de roupas femininas e masculinas.

Vestimentas femininas


As roupas femininas ideais para as mulheres irem à Igreja e à Santa Missa são:

Saias: devem ser abaixo do joelho pelo menos uns 20 cm (aproximadamente até a metade da canela), de modo que mesmo sentando os joelhos ainda fiquem cobertos;

Blusas: não podem ser cavadas nem decotadas, devem ser com mangas pelo menos até a metade do braço[1]. O ideal é que as mangas, no comprimento mínimo, sejam pelos cotovelos e o decote não passe de dois dedos sob o poço da garganta[2].



Vestidos: devem seguir o mesmo esquema da saia para a parte de baixo e da blusa para a parte de cima[3].

Véu: deve preferencialmente ser branco para as solteiras e preto, marfim ou cinza para as casadas. O véu é um símbolo da “mulher como Maria”. O véu também simboliza a humildade de Maria e sua submissão à vontade Deus, além de “esconder nossa glória e beleza”, que pertencem a Deus e ao nosso marido somente. Além de tudo, o véu ajuda a nos concentrarmos nas orações sem ficarmos olhando para o lado distraídas com o “penteado da vizinha”, entre outras coisas.

JAMAIS se deve ir à Missa com roupas justas, com o colo de fora, mostrando partes dos seios, ou com os ombros, as costas, a barriga e as pernas de fora ou expostas sob roupas colantes. Além de ser vulgar e indecoroso, é desrespeitoso para com Deus e para com o Sacerdote que celebra a Santa Missa.


Vestimentas masculinas


Calças: devem ser discretas, de tons neutros, de preferência sociais.

Camisas: devem ser discretas, sóbrias, de preferência sociais e de mangas longas. 

JAMAIS se deve ir à Missa de regatas e bermudas! Além de ser sinal de desleixo (pois Igreja não é ambiente praiano nem barzinho), é falta de respeito para com Deus.



Algumas observações: calça x véu


Há muitas pessoas que defendem a “tese” de que calça comprida (jeans, social etc.) também combina com o uso do véu. Porém, como alguém pode velar a cabeça mas não se importar em deixar o contorno do seu corpo à mostra? A calça comprida não é vestimenta para uma mulher que realmente quer imitar em tudo a Santíssima Virgem, pois essa peça de roupa não é feminina, muito menos modesta. Falar isso não é ser puritano, nem mesmo tradicionalista radical. Uma mulher que busca velar sua cabeça deve também buscar velar o corpo, e uma calça não vela o corpo, delineia-o muito mais do que deve[4].

O véu deve ter um significado muito maior do que simplesmente “combinar com saia”. O uso do véu significa velar-se para Deus, esconder-se do mundo, fazer-se como Maria. A Virgem Santíssima jamais usaria uma calça comprida. Não entendo porque ainda as mulheres se prestam a defender o uso dessa vestimenta como correto e bom, sendo que santos, como o Padre Pio, criticavam-na e abominavam-na completamente.

Nossa Senhora é modelo perfeitíssimo de modéstia e em todas suas aparições [levemos em conta aqui as aprovadas pela Igreja] ela jamais veio trajada com calças ou roupas semelhantes, mas sempre veio com seu lindo e longo vestido, com um manto Lhe cobrindo o vestido e o véu Lhe cobrindo a cabeça. Nós, mulheres, devemos imitá-la nesse sentido: cobrir nosso corpo e velarmo-nos para Deus. Devemos ter todo o cuidado de não sermos a “atração da igreja”. Há mulheres que de tão mal vestidas tornam-se o “espetáculo” da Missa. Lembremos sempre da figura de Maria: modesta, recatada, recolhida e absorta em oração. Esse deve ser nosso porte dentro da igreja e durante a Santa Missa.

Considerações finais

Em relação ao decoro e à modéstia na Casa de Deus, devemos ser zelosos e procurar imitar e chegar o mais próximo das virtudes e da modéstia de Nossa Senhora [para as mulheres] e de São José [para os homens]. Claro que não é a roupa em si que confere a um católico o título de “bom” ou de “ruim”, mas todo um conjunto de práticas interiores e exteriores. Neste sentido, podemos dizer que a veste é um pequeno detalhe, é uma exteriorização da alma de certa forma, porém não é menos importante do que as virtudes interiores. Tudo é um conjunto, o interior e o exterior. À medida que crescemos na Fé e nas Virtudes Cristãs, nosso amadurecimento espiritual vai ficando evidente em nosso exterior, na maneira de nos portarmos, agirmos e vestirmos. Portanto não há desculpa para nos comportarmos mal ou nos vestirmos impudicamente, pois o exterior reflete o interior.

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[1] Devido a condições de mercado impossíveis de alterar, as mangas curtas são toleradas, temporariamente, com Aprovação Eclesiástica, até que a feminilidade Cristã se volte de novo para Maria, como o modelo do Pudor no vestuário”. (Normas Marianas: A Modéstia no Vestir – Item 2). Disponível em Fátima.org.
É também importante ter em mente que a manga protege os movimentos dos braços, não permitindo que as axilas, partes dos seios e/ou o sutiã sejam expostos. Por este motivo, não se deve usar blusas que não tenham nenhum tipo de manga, como por exemplo, regatas, blusas de alças e Cia, pois elas ferem a modéstia.

[2] Frase dita pelo Cardeal Donatto Sbaretti em 1930: “Um vestido não pode ser chamado decente se é cortado na largura de mais de dois dedos sob o poço da garganta, que não cubra os braços pelo menos até os cotovelos, e mal chegue até um pouco abaixo dos joelhos. Além disso, os vestidos de materiais transparentes são impróprios”. A medida de dois dedos sob o poço da garganta equivale a um decote de mais ou menos 3 cm. Já as Normas Marianas dizem o seguinte: “Os vestidos Marianas devem cobrir completamente o busto, peito, ombros, e costas, exceção feita à abertura do decote, desde que, abaixo da base do pescoço, essa abertura não exceda os cinco centímetros, tanto à frente como nas costas, e outros cinco centímetros na direção dos ombros”. (Normas Marianas: A Modéstia no Vestir – Item 3). Disponível em Fátima.org.

[3] “Os vestidos Marianos não acentuam excessivamente o corpo: disfarçam, em vez de revelarem, as formas da pessoa que os usa. Um vestido Mariano deve ser uma cobertura de modéstia, ou seja, deve estar dentro das normas marianas do Pudor no vestuário (cf. Ponto 3) mesmo depois de se tirar o casaco, papa ou estola (no caso de vestidos de festa)”. (Normas Marianas: A Modéstia no Vestir – Itens 6 e 7). Disponível em Fátima.org.

[4] De forma geral, as calças compridas são feitas para delinear o corpo feminino e para salientar as formas femininas. Os cortes modernos, especialmente os das calças jeans, são cortes que evidenciam a sensualidade feminina, e procuram enfatizar as partes do corpo (bumbum, quadril e coxas) que deveriam estar devidamente cobertas e protegidas. Por este motivo, o corpo feminino fica exposto, mesmo estando “coberto”, e isto favorece olhares impudicos e pode propiciar facilmente ocasiões de pecado para quem lança o olhar sobre uma mulher assim trajada.
















sábado, 23 de junho de 2012

Fugir dos maus companheiros

Fugir dos maus companheiros

Há três espécies de companheiros: os bons, os maus e os que não são totalmente maus, mas nem são bons. Com os primeiros podeis entreter-vos e tirareis proveitos; com os últimos, tratai quando houver necessidade, sem contrair nenhuma familiaridade. Quanto aos maus, esses devemos absolutamente evitar. Mas quais são esses maus companheiros? Prestai atenção e ficareis sabendo quais sejam.

Todos os jovens que na vossa presença não se envergonham de ter conversas obscenas, de dizer palavras equívocas ou escandalosas, murmurações, mentiras, juramentos vãos, imprecações, blasfêmias, ou então procuram afastar-vos das coisas da igreja, os que vos aconselham a roubar, a desobedecer aos vossos pais ou a transgredir algum dever vosso, todos esses são maus companheiros, ministros de satanás, dos quais deves fugir mais do que da peste e do diabo em pessoa.

Ah! meus caros, com as lágrimas nos olhos eu vos suplico que eviteis e aborreçais tais companhias. Ouvi o que diz o Nosso Senhor: quem andar com o virtuoso será também virtuosoO amigo dos estultos tornar-se-á semelhante a ele. Foge do mal companheiro como da mordedura de uma cobra venenosa: quasi a fácie cólubri (Eccl. XXI, 22).

Em suma, se andardes com os bons, eu vos afianço que ireis com os bons ao Paraíso. Pelo contrário, freqüentando companheiros perversos, vos pervertereis também vós, com perigo de perder irremediavelmente a vossa alma. Dirá alguém: São tantos os meus companheiros, que seria preciso sair deste mundo para evitá-los todos. Bem sei que são muitos numerosos os maus companheiros e é por isso mesmo que vos recomendo com empenho que fujais deles.

E se, para não tratar com eles, fosseis obrigados a ficar sozinhos, felizes de vós, porque teríeis em vossa companhia Jesus Cristo, a bem-aventurada Virgem e o vosso Anjo da Guarda. Poderemos encontrar companheiros melhores do que esses?

Contudo pode-se também ter bons companheiros e serão os que freqüentemente os S.S. Sacramentos da Confissão e da Comunhão, os que freqüentam a igreja, os que com as palavras e como exemplo vos incitam ao cumprimento dos vossos deveres e vos afastam da ofensa de Deus.

A estes deveis freqüentar e tirareis muito proveito. Desde que Davi, quando jovem, começou a freqüentar um bom companheiro chamado Jónatas, tornaram-se ambos bons amigos com proveito recíproco, porque um animava ao outro na prática da virtude.

Evitar as más conversas

Quantos jovens estão no inferno por ter dado ouvidos ás más conversas! Estas verdade já a inculcava São Paulo, quando dizia que as conversas inconvenientes nem sequer se devem nomear entre cristãos, porque são a ruína dos bons costumes: Corrúmputi mores collóquia mala.

Fazei de conta que as conversas são como os alimentos: por muito bom que seja um prato é suficiente que sobre ele caia uma só gota de veneno para dar a morte aos que dele comerem.O mesmo acontece com a conversação obscena. Uma palavra, um gesto, um gracejo basta para ensinar a malícia a um ou também a muitos meninos, os quais tendo vivido até então como inocentes cordeirinhos, por causa daquelas conversas e maus exemplos perdem a graça de Deus e se tornam infelizes escravos do demônio.

Poderá alguém dizer: Conheço as funestas conseqüências das más conversas; mas como se há de fazer?Estou numa casa, numa escola, num serviço, em uma casa de negócio, em um lugar onde se fazem más conversas. Infelizmente, meus caros jovens, sei que há desses casos; por isso vos indico o modo de sairdes dessa dificuldade sem ofender a Deus.

Se são pessoas inferiores a vós, corrigi-as com rigor; dado o caso que sejam pessoas a quem não convenha admoestar , fugi, se vos for possível; não podendo, ficai firmes em não tomar parte nem com palavras, nem com os sorrisos e dizei no vosso coração: Meu Jesus, misericórdia.

E se, apesar destas precauções, vos achardes ainda em perigo de ofender a Deus, dar-vos-ei o conselho de Santo Agostinho, que diz: Apprechénde fugam, si vis reférre victóriam. Foge, abandona o lugar, a escola, a oficina, suporta todos os males deste mundo, ante que a morar em um lugar ou tratar com pessoas que põem em perigo a salvação da tua alma.

Porque diz o Evangelho, melhor é sermos pobres, desprezados, sofrer que nos cortem os pés e as mãos e até que nos arranquem os olhos e ir assim ao Céu, antes que ter tudo o que desejamos no mundo e depois perder-nos eternamente.

Pode às vezes acontecer que algum companheiro vos escarneça e se ria de vós, mas não importa: tempo virá em que o riso e o sarcasmo dos malvados se transmudará em pranto no inferno e o desprezo dos bons se converterá na mais consoladora alegria no céu: Tristítia vestra vertétur in gáudium.

Notai contudo que, permanecendo vós fiéis a Deus, acontecerá que os vossos mesmos detratores será obrigados a prezar a vossa virtude, já não se atreverão a molestar-vos com os seus perversos motejos.

Onde se achava São Luis Gonzaga, ninguém já se atrevia a proferir palavras menos honestas, e si ele chegava na ocasião em que outros as pronunciavam, diziam logo: Silêncio! Ai vem Luis.

Evitar o escândalo

A palavra escândalo quer dizer tropeço e chama-se escândalo aquele que com palavras ou obras dá a outrem ocasião de ofender a Deus. O escândalo é um pecado enorme, porque rouba a Deus as almas que Ele criou para o Céu e que foram resgatadas com o sangue precioso de Jesus Cristo, e as rouba para entregá-las ao demônio, que as conduzirá ao inferno.

Dessa maneira, o escandaloso pode ser chamado um verdadeiro ministro de Satanás. Quando o demônio com os seus artifícios não consegue de outra forma apoderar-se de algum jovem, costuma servir-se dos escandalosos. De que enormes pecados sobrecarregam sua consciência aqueles jovens que na igreja, nas ruas, nas escolas ou em outros lugares dão escândalos!

Quanto mais numerosas são as pessoas que os veem, tanto mais grave é a sua culpa aos olhos de Deus. E que deveremos dizer dos que chegam até a ensinar a malícia aos que são ainda inocentes? Ouçam esses infelizes o que lhes diz o Salvador.

Tendo tomado um dia uma criança pela mão, voltou-se para as turbas que o escutavam e disse:

“Ai de quem der escândalo a um deste pequeninos que creem em mim; infelizmente há escândalos no mundo, mas ai de quem der escândalo: melhor lhe fora que lhe atassem ao pescoço uma mó de moinho e o atirassem ao fundo do mar”.

Se fosse possível tirar os escândalos do mundo, quantas almas iriam ao Paraíso, as quais, pelo contrário perdem-se eternamente no inferno! Guardai-vos pois desta raça de criminosos: fugi deles como do mesmo demônio.

Uma menina de poucos anos, ao ouvir uma conversa escandalosa, disse a quem falava:

“Foge daqui, ó demônio maldito”. Se vós, meus caros, quereis ser verdadeiros amigos de Jesus e de Maria, deveis não somente fugir dos escandalosos, mas empenhar-vos em reparar com o vosso bom exemplo o grande mal que eles causam ás almasPor isso, as vossas conversas sejam boas e modestas; sede devotos na igreja, obedientes e respeitadores para com vossos superiores.

Oh! quantas almas então imitando-vos trilharão o caminho do Céu! E vós tereis a certeza de para lá ir em sua companhia, pois, como diz Santo Agostinho, o que alcança a salvação de uma alma pode fundadamente esperar que há de salvar a sua: Animam salvásti, animam praedestinásti.

São estas as principais coisas das quais vós, meus caros jovens, deveis fugir no mundo, se quiserdes seguir uma norma de vida virtuosa e cristã.
(Excertos do livro: O jovem instruído na prática de seus deveres religiosos - Parte I - São João Bosco)

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