quarta-feira, 16 de abril de 2014

A Pérola Preciosa - 1.º Mistério

A PÉROLA PRECIOSA

Breves pensamentos sobre o Rosário meditado, para sacerdotes.
pelo
Padre Wendelin Meyer, O.F.M.
Tradução portuguesa por
Alberto Maria Kolb




1.º MISTÉRIO- A ESCADA...

O céu se abre sobre uma pobre Virgem e um Anjo Lhe anuncia: o Santo que de Ti há de nascer, chamar-se-á filho do Altíssimo. (S. Luc. 1-33).

Que momento solene! Ele encerra toda a dignidade da Mãe de Deus. Maria hesita, pensa, dá finalmente Seu consentimento, é constituída mãe do Messias...

De novo o céu abre-se. Sobre a alma do jovem diácono, de joelhos ao pé do sacrossanto altar, desce o Espírito Santo.

Momentos inolvidáveis! Eles encerram toda a grandeza do sacerdócio. À hora da graça da pobre casinha de Nazaré precederam: a escolha desde a eternidade, — uma vida de oração, — a virgindade, — muitos anos de modéstia e de silêncio.

Esta é também a escada que conduz ao Al­tar, à ordenação, e que mais tarde não se usa inutilmente quando se quer renovar o espírito sa­cerdotal.

ESCOLHA DESDE A ETERNIDADE



Os mais antigos anais sobre a dignidade da Mãe de Deus encontram-se no arquivo da eternidade. Lá está um livro fechado com sete selos; a fé o abre e o que nele se lê são planos admiráveis dos caminhos a serem percorridos pelos viandantes neste vale de lágrimas. Também ali estão descritos os caminhos de Maria Santíssima; eles conduzem até à eternidade sem princípio, pois ali se lê: Ab aeterno ordinata sum et ex antiquis, antequam terra fieret. Nondum erant abyssi, et ego jam concepta eram. (Prov. 8, 23)

Antes que existissem mundos e rugissem ma­res, a Sua criação e escolha para mãe de Deus estava determinada.

Antes que Deus ornasse o firmamento com estrelas, pensou na virgem que havia de dar à luz aquela fulgurante estrela da casa de Ja­cob. Providência admirável! Deixou vir a plenitude dos tempos para comunicar a uma hu­milde e pobre virgem a plenitude das graças — Gratia plena!

A mesma benfazeja mão age protegendo e amparando a vista de cada sacerdote.

Nossos nomes estão inscritos no livro da vida, — particularmente os nossos, — pois a vocação sacerdotal é sublime, santa, divina — Elegi-vos...! Ab initio et ante saecula! (Job 15, 16). (Eccl. 24, 14).

Um esplendor divino do seio da eternidade reflete misteriosamente na nossa vida. Isto cada ofício da Mãe de Deus nos recorda, isto cada missa da Imaculada nos lembra. Isto é como o repicar de mui antigos sinos da pátria querida. — Oh! grandeza de vocação! Ajuntemos as mãos, oremos e agradeçamos.

Não fui eu que escolhi a Deus, mas Deus que me escolheu a mim.

UMA VIDA DE ORAÇÃO

Os Evangelhos guardam silêncio sobre a in­fância e juventude de Maria. Eles se calam por­que Maria permanece silenciosa. A Sua aurora de vida foi o silêncio; aí se ouvia o manso murmúrio da pomba, aí se reconhecia a presença do Espírito Santo.

Quando criança e como virgem estava reco­lhida intimamente em Deus; e assim foi encon­trada na Anunciação. O Arcanjo São Gabriel, entrando na estreita e pobre câmara de Maria, a encontra orando, meditando e absorta em Deus.

Silêncio, paz, amor ao recolhimento, mo­déstia e devoção sejam as precursoras do nosso sacerdócio e se estendam sobre toda nossa vida sacerdotal, assim como o silêncio e a tranquilidade das noites precedem às fulgurantes auro­ras do estio. Sejam estas virtudes a fonte cristalina da nossa vida.

O silêncio gera naturezas ricas e interiores; introduz-nos cada vez mais profundamente no mundo da fé e das graças, iluminando a inteligência e acendendo o coração. Sacerdotes si­lenciosos por virtude, tornam-se oradores provectos no púlpito. Homens de oração e de pa­lavra divina, são eles o instrumento apto nas mãos do Altíssimo.

A VIRGINDADE

A primeira dezena dos mistérios gozosos ro­deia um lírio de candura nitente, que floresceu sobre a terra e não murchou até agora. Esse lírio cândido é Maria; Ela estimava e amava a virgindade sobre todas as outras virtudes. Para se conservar sempre virgem, estava pronta a renunciar as maiores dignidades e honras! Bendita entre as mulheres! (S. Luc. 1,28).

O Santo que de ti há de nascer, será cha­mado filho do Altíssimo. (S. Luc. 1,35), lhe diz o Anjo — Não conheço homem! (S. Luc. 1,34), foi Sua resposta.

Temeu Ela por acaso ser vítima de uma ilusão?!

Ela hesitou, refletiu. Oh! alma privile­giada! o jardim do paraíso, cuidadosamente fechado e guardado pelos Anjos.

Temos nós igual cuidado?

O mundo não nos procura enganar, obscure­cer, seduzir? Ouvimos vozes sedutoras, que nos convidam; olhamos em nosso redor e logo dei­xamos prender as nossas vistas pelos quadros mentirosos dum falso prazer.

Por acaso caímos nos laços dum só mo­mento sedutor?!
Retemos nós os freios na nossa mão, firmes e inabaláveis?!

Maria Santíssima tremeu quando o céu Lhe fez um oferecimento que parecia contrário à Sua natureza de virgem; e nós ficamos indecisos quando o mundo tentador se aproxima de nós?

Guardar os olhos e ter parcimônia nas pa­lavras é alta sabedoria. A luz fulgente de Ma­ria ilumine a nossa fronte; o cuidado maternal de Maria guie carinhosamente nossos passos; a prudência de Maria escolha nossas palavras. Despondi enin vos uni viro virginem castam exhibere Christo. (2 Corinth. 11, 2.)

UMA VIDA DE MODÉSTIA E DE SILÊNCIO

Diante de imensa altura estende-se uma imensa profundeza, diante da dignidade da Mãe de Deus estende-se a Sua profunda humildade.

Maria Santíssima tinha-Se em humilde con­ceito, por isso subiu a tão elevadas honras.

Dizia-se a escrava do Senhor, por isso o céu a fez Mãe de Deus. Quia respexit humilitatem ancillae suae. (S. Luc. 1, 48).

Deus costuma escolher o fraco, o humilde, o nada, para confundir o que parece ser alguma coisa. Ao redor da grandeza do sacerdócio deve estender-se a bela virtude da humildade. Que a modéstia e simplicidade nunca nos abandonem!

A verdadeira grandeza quer ser escondida; alegra-se quando permanece oculta e não é achada. Um pequeno recanto e algumas almas lhe bastam. Mas Deus um dia a acha. Sacerdotes humildes Deus costuma elevar e pôr em evidência. Exaltavit humiles. (S. Luc. 1, 52).



Outras vezes põe neles Seus olhos misericor­diosos e, os deixando ficar na obscuridade, os cumula com Seus dons e Suas graças. Oh! es­sas almas simples que aqui e acolá iluminam paróquias; são elas a consolação e o braço forte de seus prelados e um exemplo vivo e con­tinuo para os fiéis.

Fonte:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SEJA UM BENFEITOR!