sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Sufraguemos as Almas do Purgatório

Acerca da excelência da devoção às Almas, nada melhor se pode dizer, do que as palavras com que o piedoso Doutor Santo Afonso de Ligório principiou a pequena obra, que escreveu sobre este assunto. Diz ele:

“A devoção às benditas Almas, que consiste em encomendá-las a Deus para que lhes dê algum alívio no meio das grandes penas que sofrem, e as chame o mais depressa possível para a sua glória, é muito agradável a Deus e proveitosa para nós. Porque por um lado essas benditas Almas são esposas queridas de Jesus Cristo, e por outra parte são elas sumamente gratas para com aquele que lhes alcança a liberdade de sua prisão, ou ao menos lhe procura algum alívio em seus tormentos; e tanto que cheguem ao Céu, jamais se olvidarão de quem por elas rogou.

Além disto, crê-se piamente que Deus lhes dá a conhecer a quem roga por elas, a fim de que também elas peçam por nós. É certo que essas Almas benditas não se acham em estado de pedir em seu próprio favor, por se encontrarem no Purgatório satisfazendo por suas culpas; não obstante, como são tão amadas por Deus, podem perfeitamente pedir por nós e alcançar-nos abundantes graças. São Gregório, nos seus ‘Diálogos’, trata a respeito de milagres operados por intercessão destas benditas Almas.

Quando Santa Catarina de Bolonha desejava alguma graça, recorria às Almas do Purgatório e imediatamente a conseguia. Afirmava que mais de uma graça, que não tinha obtido por intercessão dos Santos, as alcançara por intermédio das Almas do Purgatório. Finalmente, são inúmeras as graças que os devotos destas santas Almas dizem ter recebido por sua intercessão. Ora, se desejamos o auxílio de suas orações, não só é justo, mas até é um dever, socorrê-las com nossos sufrágios.
Sim, é um dever, pois a caridade cristã exige que ajudemos o próximo quando necessita do nosso auxílio.

E quem está em maior necessidade do que estas santas prisioneiras? Elas estão continuamente no meio de um fogo que atormenta muito mais que o fogo deste Mundo; acham-se privadas da visão de Deus, pena maior que todas as outras. Consideremos também que ali podem, talvez, estar penando as Almas de nossos pais, irmãos, esposo ou esposa, parentes, amigos e benfeitores que esperam os nossos sufrágios.

Se assim, o fizermos, não só seremos agradáveis ao Senhor, mas também adquiriremos muitos méritos; porque estas Almas benditas não cessarão de suplicar ao Senhor por nós até nos conduzirem à Pátria Celestial. Tenho como certo que uma Alma tirada do Purgatório por alguma pessoa piedosa, depois de entrar no Céu, não cessará de dizer a Deus: 'Senhor, não permitais que aquela pessoa caridosa, que me libertou do cárcere do Purgatório e que fez com que eu gozasse mais depressa da vossa divina presença, gema para sempre chamas infernais.' Procurem, pois, todos os fiéis aliviar as benditas Almas e livrá-las do Purgatório, aplicando-lhes todos os sufrágios que possam, como Santas Missas, Vias Sacras, Comunhões, Indulgências, Novenas, etc.”

Meios de aliviar e de libertar as Almas do purgatório,
satisfazendo a Deus por elas.

Os meios suavíssimos que Deus nos concedeu para Lhe darmos satisfação pelos nossos pecados, e pela pena temporal que Lhe devemos, são tesouros de graça e de misericórdia que podemos aplicar às Almas do Purgatório, cedendo-lhes o fruto satisfatório, no todo, ou em parte, de nossas obras das quais as principais são: Oração, a Esmola, a Comunhão, a Santa Missa, o Sofrimento, a Via Sacra, as Indulgências, etc.
  • A oração
O primeiro destes meios é a oração, e essa está ao alcance de todos; tanto pobres como ricos, fracos ou fortes, meninos ou velhos; ninguém pode alegar motivos racionais para se dispensar dela.

Oh! Pedi muitas vezes pelos vossos irmãos defuntos; pedi de manhã, pedi de tarde, pedi durante o dia, pedi ainda à noite. Tomai, pois a resolução, alma cristã, de não deixar passar nenhum dia sem pedirdes pelos vossos parentes queridos, que já não existem. Oferecei por eles a oração do Rosário, novenas, a Santa Missa, ladainhas, orações indulgenciadas, etc. A menos repeti muitas vezes essa curtas invocações:
“Doce Jesus, sede-lhes propício!”;
“Senhor, dai-lhes o repouso eterno!”;
“Meu Deus, que eles repousem em paz!”
  • Esmola
A esmola é uma das virtudes que nos são mais vezes e mais poderosamente recomendadas no Evangelho. Ela possui até, segundo São Tomás, um poder de satisfação maior do que a oração; ou antes, duplica a força das nossas orações, e cujo sucesso nos assegura. O anjo dizia a Tobias:

"A esmola salva da morte, apaga os pecados, tira a Alma das trevas, faz-lhe achar graças diante de Deus e lhe assegura a vida eterna."

... À obra, pois, Alma cristã, socorrei os aflitos da Terra e aliviareis ao mesmo tempo os que choram além túmulo. Coloque a esmola na mão do pobre; é o carcereiro do Purgatório; à sua voz as chamas extinguem-se, os calabouços se abrem e os cativos tornam-se livres.
  • A Santa Comunhão
Quando temos a felicidade de comungar, ficamos unidos a Jesus Cristo duma maneira tão íntima, que cada um de nós pode exclamar com o grande apóstolo:
“Não, não sou eu que vivo, é Cristo quem vive em mim”.

Comungai, pois, Alma cristã, comungai muitas vezes por estas Almas tão amadas, que não têm a felicidade de participar do banquete Eucarístico. Oh! Com que ardor, com que santa impaciência elas esperam que derramemos sobre elas o orvalho refrescante e libertador do sangue de Jesus Cristo.
  • O Santo Sacrifício da Missa
De todos os meios que temos indicado até aqui para alívio das Almas do Purgatório, nenhum é tão poderoso, tão eficaz, como o Santo Sacrifício da Missa: - São Jerônimo diz; a cada Missa celebrada com devoção, saem muitas Almas do Purgatório. E não sofrem tormento algum durante a Missa aplicada por elas, afirma o mesmo Doutor.

Na Santa Missa, é o sangue de Jesus que se dá em pagamento das dívidas da Alma de quem se quer libertar, e esse sangue tem um valor infinito. A indignidade daquele que encomenda a Santa Missa ou mesmo de quem a celebra, não tira o valor da oferenda. Qualquer outra oração ou obra boa, feita em estado de pecado mortal, é uma obra morta, mas o sacrifício da Santa Missa tem sempre intrinsecamente o mesmo valor.

Ah! Quanto seríamos criminosos em desprezar um meio tão fácil e tão eficaz de acabar com os tormentos destas queridas Almas, que nos pedem pelas entranhas do Salvador que pensemos muitas vezes nelas, no Santo Sacrifício da Missa, no memento dos mortos.
  • O Sofrimento
Aliviemos as Almas do Purgatório, diz São João Crisóstomo: “aliviemo-las por todos os meios possíveis; porque Deus tem cuidado de aplicar aos mortos os méritos dos vivos”. O sofrimento é a grande satisfação que o Senhor pede aos devedores da justiça; logo, soframos por eles a fim de que eles sofram menos. Oh! Se tivéssemos uma fé mais viva, uma caridade mais ardente, que mortificações não imporíamos a nós mesmos, para aliviar e libertar parentes, amigos, que tanto nos amaram, e que sofrem agora duma maneira tão horrível?

A penitência, o jejum, as austeridades seriam os nossos exercícios ordinários. Mas, ao menos tenhamos a coragem de fazer alguns leves sacrifícios: sacrifício duma afeição perigosa, sacrifício duma leitura má, renúncia à televisão, cinema, jogos, passatempos, sacrifício de deixar de fumar, dum objeto de luxo e de pura vaidade ... Coragem, pois, Alma cristã, soframos um pouco de frio, refresquemos vítimas que ardem no meio do fogo, da justiça de Deus. Soframos um pouco de calor, mudaremos os ardores desse fogo em doce orvalho. Suportemos um incômodo, arrancaremos Almas do mais profundo sofrimento e dor.
  • A Via-Sacra
Concede-se indulgência plenária ao fiel que fizer o exercício da via-sacra, piedosamente.
Com o piedoso exercício da Via-Sacra, renova-se a memória das dores que sofreu o divino Redentor no caminho do Pretório de Pilatos, onde foi condenado à morte, até ao Monte Calvário, onde morreu na Cruz para a nossa Salvação.
  • As indulgências
A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa (perdoados somente quanto culpa e pena eterna) que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da Redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Jesus Cristo, da Santíssima Virgem e dos Santos.

Para que alguém seja capaz de lucrar indulgências, deve ser batizado, não estar excomungado e encontrar-se em estado de graça. Ninguém pode lucrar indulgência a favor de outras pessoas vivas.

Corramos, pois, Alma cristã, fazer aquisição destas riquezas espirituais, mais preciosas que o ouro... por favor, não desprezeis proporcionar aos fiéis defuntos, tesouros tão fáceis de ganhar.

(Sufrágio – Editora Divina Misericórdia)

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