sábado, 14 de fevereiro de 2015

VII Parte - O jovem instruído na prática de seus deveres religiosos - São João Bosco

 VII Parte
ARTIGO V.
Advertências aos Jovens inscritos
em alguma congregação ou Oratório

            Se tendes a bela sorte de estar alistados em alguma congregação ou oratório, procurai frequenta-los pontualmente e observai suas regras com exatidão. Recomendo-vos especialmente que tenhais grande respeito aos diretores, procurando pedir sempre a sua licença quando tiverdes que ausentar-vos. Na igreja estai com toda a modéstia e em silêncio, lendo ouvindo ler algum livro devoto até que comecem os Ofícios Divinos.Então, com alegria de espírito e com recolhimento, cantai os louvores do Senhor.Quando tiverdes de conversar-vos ou fazer a Santa Comunhão, procurai fazê-los na fossa congregação ou oratório, porque isto será de bom exemplo e contribuirá muito para animar os outros a frequência destes sacramentos.

Excetua-se contudo a Comunhão da Páscoa, que convém que seja feita na própria paróquia.Além disso, além disso, também outras vezes, quando puderdes, procurai aproximar-vos dos Santos Sacramentos na igreja da vossa paróquia, para dar bons exemplos aos outros e para conservar a união com o vosso pároco.

            Se no vosso oratório tendes a boa comodidade de passar o tempo de recreio nos dias santos, tomai parte nele de boa vontade: mas evitai as brigas dar apelidos aos companheiros mostrar-vos mal satisfeitos com os brinquedos que forem designados. E quando ouvires ou presenciardes alguma coisa inconveniente a esse lugar santo, ide logo avisar o superior, para que se impeça toda ofensa de Deus.

            Coisa ótima seria que os mais adiantados contassem exemplos edificantes aos outros.

Cede sinceros nas palavras e evitai toda mentira, porque se fordes apanhados em mentira, além de ofender a Deus, ficareis desmoralizados perante vossos companheiros e superiores.Recomendo-vos que tenhais uma confiança filial do vosso diretor, recorrendo a ele quando tiverdes alguma dúvida de consciências.

            Tendes também grande respeito a todos os demais superiores, especialmente se forem sacerdotes; encontrando-os, tirai logo o chapéu. Quando falardes com eles, respondei as suas perguntas com humildade e sinceridade. Os que são escolhidos para serem cantores, assistentes e cargos semelhantes, tenham grande empenho em mostrar que são os mais exemplares e zelosos nas práticas de piedade. A todos, por fim, recomendo grande exatidão na observância das regras porfiando cada um em ser o mais fervoroso, modesto e pontual nos exercícios de devoção.


ARTIGO VI.
O Jovem na Escolha do Estado

            Nos seus eternos desígnios, Deus marcou a cada um de nós uma determinada condição de vida e as graças relativas. Como em todos os casos, também neste, que é de capital importância, deve o cristão procurar conhecer á vontade divina, imitando assim a Jesus Cristo, que protestava ter vindo ao mundo somente para cumprir a vontade do seu Eterno Pai.

            É, pois de suma importância, meus filhos, que procureis enxergar bem claramente neste assunto, para não vos iniciardes em estados e ocupações as quais o Senhor não vos destina. A uma alma favorecida por Deus de modo singular, manifestou Ele por via extraordinária o estado a que a chamava. Vós não pretendais tanto, mas consolai-vos com a segurança de que Deus vos guiará pelo reto caminho, contanto que da vossa parte não descuideis dos meios oportunos para tomar uma prudente determinação.
 
            Um destes meios é conservar-se ilibado durante a infância e juventude, ou reparar com uma sincera penitência os anos passados infelizmente no pecado.

Outro meio é a oração humilde e perseverante. Será bom repetir com São Paulo: Senhor, que quereis que eu faça? Ou então com Samuel: falai, Senhor, que o vosso servo vos escuta; ou com o Salmista: Ensinai-me a fazer a Vossa vontade, porque sois Vós o meu Deus, ou alguma outra efetuosa aspiração semelhante a estas.

            Quando tiverdes de chegar a uma determinação, dirigi-vos a Deus com as mais especiais e frequentes orações; aplicai para este fim a Santa Missa que ouvirdes, aplicai algumas comunhões. Podereis também fazer alguma novena, algum tríduo, alguma abstinência, visitar algum santuário célebre.

            Recorrei também a Nossa Senhora, que é a Mãe do bom conselho; a São José, seu esposo, que sempre foi fidelíssimo ás ordens divinas; o Anjo da guarda, aos vossos Santos Padroeiros.

            Ótima coisa seria, sendo possível, antes de tomar uma decisão de tamanha importância, fazer os exercícios espirituais ou algum dia de retiro.
            Prometei que haveis de fazer a vontade de Deus, aconteça o que acontecer e apesar da desaprovação de quem julga de acordo com o ponto de vista do mundo.

Acontecendo que os pais onu outras pessoas de respeito quisessem dissuadi-vos do caminho ao qual Deus vos chama, lembrai-vos que então é o caso de por em prática o grande aviso do Evangelho, isto é, de obedecer de preferência a Deus que aos homens. Não esqueçais absolutamente o respeito e a honra que lhes deveis; respondei e tratai sempre com humildade e mansidão, mas sem prejudicar o supremo interesse da vossa alma. Tomai conselho sobre o modo de vos haverdes e confiai naquele que tudo pode. Consultai pessoas prudentes e amigas de Deus, especialmente o confessor, declarando com toda a clareza o vosso caso e as vossas disposições.

Quando São Francisco de Sales manifestou em sua casa que Deus o chamava ao sacerdócio, os pais lhe observaram que, na qualidade de primogênito da família, devia ser seu apoio e sustentáculo, que a inclinação ao estado eclesiástico provinha de uma devoção indiscreta e que ele poderia perfeitamente tornar-se santo também vivendo no mundo; e até, para melhor levá-lo secundar as suas intenções, propuseram-lhe um casamento muito vantajoso. Mas nada pôde demovê-lo do seu propósito.Antepôs constantemente à vontade de Deus á vontade dos pais, a quem amava com toda a ternura e dedicava profundo respeito.Preferiu renunciar a todas as vantagens temporais, a ter que faltar á graça da vocação.E os pais, que, não obstante alguma ideia menos reta, derivada do ponto de vista mundano, eram pessoas piedosas, mais tarde tiveram que declarar-se satisfeitos com a resolução do filho.

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