sábado, 20 de janeiro de 2018

Como o Divino Salvador nos amou na sua Encarnação

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O amor de Deus está sempre unido ao amor do próximo e nós amamos o próximo assim como amamos a Deus; por consequência, sendo infinito 


 amor de Jesus Cristo para com seu Pai em valor e mérito pela pessoa que o dá, o seu amor para com o próximo será também infinito. Eis as provas evidentes: Jesus Cristo, diz São Paulo, aniquilou-se para tomar a nossa humanidade e encher-nos da sua divindade, para elevar-nos à sua dignidade e dar-nos o divino titulo de filho de Deus; Ele, que habitava em si mesmo, querendo doravante habitar em nós; Ele, que tinha vivido desde toda eternidade no seio do Padre eterno, desejou tornar-se mortal no seio de sua Mãe temporal; e existindo sempre como Deus, quis tornar-se homem. 

Ah! como seria belo contemplá-lo menino por nossa causa! sem dúvida deveríamos cem mil vezes mais desejar ver esta criancinha repousando em uma creche, do que todos os potentados do mundo sentados nos seus tronos. Esta amável condição de menino convida-nos a amá-lo com confiança, entregando-nos amorosamente a ele, em tudo que se encontra. A sua pobreza e silêncio no berço, dize-nos mais do que toda eloquência humana, e faz nascer em nossos corações, santos afetos e sobretudo, uma perfeita abnegação dos bens e pompas deste mundo. Não sei doutro mistério que alie tão bem a ternura com a austeridade, o amor com o rigor, a doçura com a severidade. Lancemo-nos aos pés deste Salvador, dizendo com a esposa dos Cantares: "Achei o que o meu coração amou; possuo-o e não quero separar-me dele". O menino nada diz, e o seu coração, cheio de amor pelos nossos, não se manifesta senão por suspiros, lágrimas e doces olhares. Mas quão eloquente é este silêncio, que me ensina a verdadeira oração mental; ensina-me o favor amoroso dum coração cheio de bons pensamentos, de santos afetos, e que receia perder a sua doce suavidade se os pronuncia! Nunca o doce Jesus, em toda a sua vida mortal, dirigiu ao Pai um suspiro só em que não tomássemos parte, nem um só desejo que não fosse para a nossa salvação. Embora fossemos duros como o ferro, ou maleáveis como a palha, deveríamos amá-los; é um magneto divino que atrai o ferro; em uma palavra, é um verdadeiro atrativo para os corações.



O amor é o meio universal para a nossa salvação, que em tudo entra e sem o qual nada é salutar. Por isso o querubim foi colocado à porta do paraíso terrestre, com a espada flamejante, para nos demonstrar que ninguém entrará no paraíso celeste sem ser transpassado pela espada do amor. É por isso que o dulcíssimo Jesus, que nos remiu com o seu sangue, deseja infinitamente que o amemos, afim de que sejamos eternamente salvos; e deseja que sejamos salvos para o amarmos eternamente. "Ah! diz Ele; vim trazer fogo ao mundo; que desejo eu pois senão que ele arda?" Mas, para mais claramente indicar o ardor de semelhante desejo, recomendá-nos este amor em termos admiráveis: "Amarás ao Senhor teu Deus, diz, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças: é este o primeiro e o maior dos mandamentos". Ó Teótimo! quão amoroso esta o Coração divino do nosso amor! Não bastava que desse licença que o amássemos? Mas não; declara a sua paixão amorosa para conosco e manda-nos que o amemos quanto pudermos para que nem a consideração da sua majestade e da nossa miséria, que nos fazem ficar tão distante d'Êle, nem outro qualquer pretexto, nos proíba de o amarmos. Pronunciai muitas vezes do fundo do coração o nome sagrado do Salvador; e Ele derramará em vossa alma um bálsamo delicioso. Como seríamos felizes se o nosso entendimento só pensasse em Jesus, a nossa vontade só quisesse a Jesus e a nossa imaginação repousasse em Jesus? Ensaiemo-lo e pratiquemo-lo o melhor que pudermos. Praza a este divino Menino banhar os nossos corações no seu sangue e perfumá-lo com o seu nome santíssimo, para que os bons desejos que concebemos se tornem purpúreos e odoríferos! 


Beijemos mil vezes os pés deste Salvador e digamos-lhe: O meu coração Deus meu, chama-vos; o meu olhar deseja-vos e suspira por contemplar o vosso rosto! Isto é, fixemos o nosso olhar em Jesus Cristo, para o contemplar, a nossa boca para o louvarmos e toda a nossa existência não aspire senão a ser-lhe agradável.


 Retirado do livro Pensamentos Consoladores de São Francisco de Sales.

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